Coleção: Um mapa imaginário - A ALDEIA / A aldeia

A Vila é uma estamparia que ocorreu a partir de um processo diferente dos demais. Enquanto os demais desenhos foram feitos a partir do resgate de memórias, ilustrando e justapondo sentimentos, sensações e imagens associadas a essas memórias, vividas na primeira pessoa, a estampagem da Vila se aproxima mais de um mapa mental em torno da especulação sobre como minha aldeia teria se formado.

A minha aldeia, como muitas outras, era um emaranhado de casas, fábricas, campos, caminhos e vielas, de arquitetura vernácula, desarrumada e desordenada. Cultivado no campo. Contam os antigos que seus primeiros moradores foram viajantes que, numa suposta viagem, um deles virou-se para seus companheiros e disse: “Paramos aqui!”. E foi assim que se tornaram proprietários de terras e deram o nome à minha aldeia. Paramos, quer dizer que paramos aqui, cresceu num ritmo quase parado, aleatório, desordenado.

Inicialmente as casas apareciam timidamente, aqui e ali, procurando abrigo debaixo de enormes árvores, depois, ganhando confiança, foram construídas já geminadas, tentando equilibrar-se: ora baixas e grandes, ora altas e estreitas, formando uma espécie de desajeitado tapeçaria, mas sugestiva de uma memória feliz e pacífica.