Coleção: |A Amoreira|

Estampagem "A Amoreira" | Estampagem "A Amoreira" Já era final de verão e crescia dentro de mim uma ligeira nostalgia dos compromissos escolares. O quotidiano era vivido de forma intransigente e a noção de tempo não estava relacionada com matemática ou obrigações, mas sim com um sentimento intuitivo que andava de mãos dadas com os ritmos do sol. Fora do portão preto da minha casa vivia a aventura. Como toda criança atrevida e curiosa, o desconhecido me fascinava, o medo não morava ali. Quando se abriu uma brecha, lá fui eu, com pressa de me distanciar dos olhares adultos, de conhecer o mundo exterior. Segui o caminho do rio Sabolão, foi a natureza que me guiou para si mesma, para o desconhecido, para o novo. A ideia de me perder me assustou e me seduziu. Em algum lugar ali, eu estava entrando em um mundo que só se abria para mim. Ninguém teve acesso a isso. Entre as flores silvestres dos pinhais, fui atrás dos frutos, das bagas e do canto do pintassilgo, longe de imaginar o quanto tudo isso me ensinaria para a vida.